Ultimamente, os conflitos decorrentes do desenvolvimento e implantação malsucedida de software e sistemas têm se tornado mais frequentes. Dada a complexidade dessas atividades, que envolvem riscos em todas as etapas do projeto, é crucial que as partes envolvidas saibam avaliar suas chances na resolução desses conflitos. A colaboração mútua entre as partes muitas vezes desempenha um papel significativo no desfecho dos litígios, influenciando diretamente a solução encontrada. Este artigo tem como objetivo contribuir para uma melhor compreensão desse cenário, ajudando os leitores a tomar decisões mais informadas ao buscar a mediação de conflitos, seja ela judicial ou extrajudicial.
A implantação e o desenvolvimento de sistemas sob medida, como os ERP (Enterprise Resource Planning), são processos críticos e complexos para qualquer organização. Enquanto a implantação se refere à introdução de um sistema já desenvolvido dentro de uma organização, o desenvolvimento sob medida envolve a criação de um sistema específico para atender às necessidades exclusivas de uma empresa. Ambas as abordagens têm características distintas e desafios que podem levar a conflitos. A perícia judicial ou extrajudicial surge como uma ferramenta essencial para resolver tais conflitos, fornecendo uma análise técnica e imparcial das questões envolvidas.
Diferenças entre desenvolvimento sob medida e implantação
O desenvolvimento de um software ou sistema sob medida é um processo intrinsecamente complexo. Ele não apenas cria uma solução personalizada, mas também precisa integrar-se profundamente com os processos únicos da empresa. Isso requer um entendimento detalhado das operações, expectativas e desafios específicos da organização, resultando em um projeto altamente customizado. A complexidade deste processo frequentemente resulta em divergências sobre requisitos, prazos e custos, tornando a resolução de conflitos uma parte inevitável do processo.
Por outro lado, a implantação de um sistema, como um ERP, envolve a adaptação e integração de uma solução já existente dentro da estrutura da empresa. Apesar de parecer mais simples, a implantação demanda uma colaboração intensiva entre o fornecedor do sistema e a equipe da empresa. A necessidade de adequação dos processos internos e a capacitação dos colaboradores para utilizar o novo sistema podem gerar resistências e desentendimentos, especialmente se as expectativas não estiverem bem alinhadas.
Em uma rápida busca na internet, tem-se como exemplos de soluções comercializadas no mercado brasileiro as seguintes soluções:
SAP: Amplamente utilizado em grandes empresas, é conhecido por sua robustez e capacidade de personalização, atendendo diversas áreas como financeiro, recursos humanos e produção.
TOTVS: ERP nacionalmente popular entre empresas de médio e grande porte, com forte presença em setores como manufatura e serviços.
Oracle ERP Cloud: Oferece uma ampla gama de funcionalidades em nuvem, sendo altamente flexível e integrável, utilizado principalmente por grandes corporações.
SAP Business One: Voltado para pequenas e médias empresas, esta versão da SAP é mais acessível e ainda mantém uma robusta oferta de funcionalidades.
Microsoft Dynamics 365: Integra-se bem com outros produtos Microsoft, como o Office 365, sendo uma escolha popular para empresas que já utilizam outras soluções da Microsoft.
Senior Sistemas: Pioneira brasileira, oferece soluções completas de gestão empresarial com foco em flexibilização e necessidades específicas dos usuários brasileiros.
Sankhya: Destaca-se por incorporar inteligência artificial para automação de processos e uma plataforma web totalmente customizável.
Omie: ERP baseado na nuvem, ideal para pequenas e médias empresas, com forte ênfase em automação de tarefas contábeis e integração com outras ferramentas de gestão.
Mega Sistemas: Especializada em atender setores específicos como agronegócio e construção civil, adquirida pela Senior em 2018, e oferece soluções robustas e personalizáveis.
Cigam: Com mais de 30 anos de mercado, é conhecido pela sua capilaridade e inovação, atendendo bem o mercado de pequenas e médias empresas.
Colaboração e reavaliação dos processos de negócio
A implantação de um sistema é um trabalho colaborativo que requer a participação ativa de diversas partes interessadas. Desde os desenvolvedores até os usuários finais, todos devem trabalhar em conjunto para garantir que o sistema atenda às necessidades da empresa. Esta colaboração pode, porém, revelar inconsistências ou ineficiências nos processos de negócios existentes, exigindo uma reavaliação e, muitas vezes, uma reestruturação significativa.
As empresas, ao implantar um novo sistema, frequentemente se veem obrigadas a repensar seus processos de negócio. A transição para um sistema integrado, como um ERP, pode expor falhas nos métodos operacionais atuais, forçando a empresa a adotar novas práticas. Esta mudança, embora benéfica a longo prazo, pode ser fonte de tensão e resistência, principalmente se não for bem gerida.
Custos extrapolados e mapeamento de necessidades
Um dos principais desafios na implantação de sistemas é a gestão de custos. Durante a fase de planejamento, é comum que as estimativas iniciais de custo não contemplem todas as variáveis envolvidas. À medida que os processos de negócio se tornam mais claros durante a implantação, pode surgir a necessidade de ajustes e personalizações adicionais, levando a um aumento dos custos previstos. Essa discrepância frequentemente gera conflitos entre a empresa e o fornecedor do sistema, sendo o trabalho pericial um recurso para avaliar as razões e responsabilidades pelo aumento dos custos.
Além disso, a aquisição de licenças de software que exigem contratos de longo prazo deve ser cuidadosamente considerada. Se a implantação falhar, a empresa pode se encontrar presa a contratos de fidelidade, obrigando-se a pagar por um sistema que não atende suas necessidades. Este cenário reforça a importância de um mapeamento detalhado de necessidades antes de se comprometer com investimentos significativos. A falta de um levantamento preciso resulta em uma solução inadequada e em custos adicionais inesperados.
A perícia na solução dos conflitos
A perícia judicial ou extrajudicial desempenha um papel crucial na resolução de conflitos decorrentes da implantação ou desenvolvimento de sistemas. Um perito judicial, através de sua expertise técnica, pode analisar de forma imparcial os aspectos técnicos e operacionais do projeto, identificar falhas, avaliar responsabilidades e fornecer uma base sólida para a tomada de decisões. Esta análise técnica detalhada é fundamental para resolver disputas de forma justa e eficiente, protegendo os interesses de todas as partes envolvidas.
Andreiwid Sheffer Corrêa atua em perícias judiciais e conta com a experiência obtida em mais de 130 nomeações pelo juízo. Na academia, tem atuação no ensino e na pesquisa, sendo autor de diversos artigos nacionais e internacionais na área de Computação. Presta consultoria e serviços de assistência técnica em processos judiciais envolvendo TI.